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  • Dilson Siud

COVER BAIXO entrevista FRANCISCO FALCON


Em conversa com a Cover Baixo, Francisco Falcon contou a origem de seu interesse pelo choro, suas adaptações do estilo para nosso instrumento e também falou sobre todo seu trabalho de pesquisa e escrita que pode ser encontrado no combo Livro + CD “Contrabaixo no Choro”.

O livro é resultado de um mestrado cursado na Unirio, correto? Como surgiu a ideia de inserir o contrabaixo no choro, tendo em vista que, por padrão, nosso instrumento não é muito presente no estilo?

Sim, o livro é resultado de um mestrado profissional, voltado para a prática, que no caso da Unirio, chamamos de PROEMUS. O programa é voltado ao ensino de práticas musicais, tendo como resultado final, o desenvolvimento de um produto, que no meu caso, foi o livro. Além disso, escrevi um artigo acadêmico justificando e detalhando a elaboração do mesmo.

Meu envolvimento com o choro começou ainda na graduação, quando convivi com inúmeros músicos do estilo. Ao longo do curso toquei com muitos deles e dois novos instrumentos passaram a fazer parte da minha vida: o violão de sete cordas e o violão tenor, que tem quatro cordas e é afinado em quintas. Paralelo a isso, fui professor da Escola Villa Lobos e integrei o Clube do Choro de Búzios, que me permitiu participar de muitas rodas de choro tocando violão e baixo também.

Nosso instrumento ainda não é tão evidente no choro, mas se pesquisarmos, é possível encontrar interação do contrabaixo com o choro já no início do século XX. Vários discos do Jacob do Bandolim contam com linhas de contrabaixo acústico, enquanto que o elétrico chegou ao estilo na década de 1970.

Atualmente, uma passeada pelo Youtube mostra que uma notória parcela dos baixistas têm aderido ao choro, embora ainda haja muita resistência por parte dos chorões mais tradicionalistas. Existem escolas de choro que, acredite, só aceitam quem toca o baixo acústico!

Quais os tópicos abordados no seu livro? Ele é indicado para músicos de qual nível?

Todos os exercícios do livro estão escritos tanto em partitura quanto em tablatura. Portanto, conhecer o básico de harmonia, formação de tríades e tétrades já resolve. O início traz conceitos sobre a estrutura de uma linha de baixo no choro e sua relação com o violão de sete cordas, que é bem presente no gênero. Aos poucos é mostrado o uso de diferentes notas do acorde na condução e também inversões, além das notas de aproximação, um ótimo e enriquecedor recurso.

Procuro frisar também que em uma formação que conta com violão de sete cordas, o contrabaixo deve apoiar as linhas do violonista e somente na ausência dele, aventurar-se pelos contracantos. Da metade do livro em diante, o leitor encontrará melodias e clássicos do choro arranjados para duos de contrabaixo, tudo gravado e disponibilizado tanto em CD’s quanto no meu site.

Há alguma influência dos fraseados de violão de sete cordas, ou até mesmo dos saxofones tenor, como nos contracantos de Pixinguinha, por exemplo?

Então, na verdade estes fraseados são influência do Pinxinguinha, mesmo. Ele foi o primeiro a compor contracantos assim com seu saxofone tenor. Com certeza, tudo isso influencia o contrabaixo no choro.

Você acha que a utilização do baixo elétrico é uma maneira de trazer uma sonoridade contemporânea ao choro? Quais outras características modernas você vê como boas adições ao estilo?

Com certeza! Por exemplo, no final dos anos 1970, o primeiro disco do grupo A Cor do Som misturou choro com muita coisa, inclusive com o rock progressivo! O grupo Nó em Pingo D’água, que eu curto bastante, é outro exemplo disso, pois algumas de suas obras possuem linhas de contrabaixo elétrico e soam bem contemporâneas. Radamés Gnatalli já tocava guitarra elétrica no choro… o Hermeto Pascoal também fazia tudo isso. A verdade é que essa combinação não é recente, só era meio alternativa. Qualquer instrumentista pode tocar choro! Além disso, ele está se mesclando cada vez mais com outros tipos de música. A soma com o baião por exemplo, gera resultados interessantíssimos!

Um de meus projetos atuais é o álbum “Contrabaixo no Choro”, onde regravei choros compostos por baixistas como Adriano Giffoni, Yuri Popoff, Luizão Maia, e vários outros, além de composições próprias e algumas releituras de clássicos. Devo lança-lo até o final de 2017.

Quais elementos originários do mundo do contrabaixo, como o slap, por exemplo, se encaixam bem no choro?

Muitos! Nos anos 1990, aquela gravação do Victor Wooten tocando Donna Lee em slap com o Alain Caron me fez tentar fazer o mesmo com “Brasileirinho”. Acho que o início dessa minhacoisa do baixo no choro começou aí, embora só tenha vindo à tona vinte anos depois. Ao longo do desenvolvimento do livro e do disco, gravei algumas coisas assim, com slap e tapping: “Tico-tico no Fubá”, “Santa Morena” e “Apanhei-te Cavaquinho”.

O samba e o choro, apesar de se tratarem de estilos distintos com características próprias, possuem semelhanças na instrumentação e no ritmo, além de sua proximidade histórica. Sendo assim, há influência do baixo no samba na maneira como você aborda o choro?

Com certeza! Eu adoro tocar samba, aliás. Porém, acho que a diferença é que no choro o baixo fica menos “marcado” que no samba e também usam-se menos ghost notes nas conduções.

Para conferir a entrevista na página da revista COVERBAIXO, clique AQUI

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